Interviews #007 - Natema

Beatsong Beatsong · 6 meses atrás · 466 Visualizações
A maior parte do meu ritual está na produção musical e na forma como a narrativa se desenvolve ao longo dos anos. Meus sets contêm muito pouco material externo; toco músicas de alguns produtores escolhidos a dedo, estes são os que eu acredito dialogarem com meu som de uma maneira que me agrada.
Interviews #007 - Natema

Reconhecido como um dos pioneiros do movimento Afro House no Brasil. Natema emplacou mais de 29 músicas no top 100 de Afro House, totalizando incríveis 915 dias entre as mais vendidas. Seus lançamentos frequentemente alcançam destaque na categoria Afro House, ocupando atualmente a posição nº 31 no ranking AFRO HOUSE GLOBAL.

O artista gravou um mix exclusivo para a nossa plataforma e agora tivemos a oportunidade de conversar com ele, a fim de entender mais a fundo sobre sua trajetória e inspirações.

01 - Qual sua maior inspiração para produzir? Como é o seu processo criativo?

Minha maior inspiração para produzir é a música em si, que considero minha sanidade e a forma como me expresso e me relaciono com o mundo. A música pode ser tanto uma fortuna quanto um pesadelo, dependendo de como a vemos. Explicar meu processo criativo é complexo, pois ele existe de várias formas. No entanto, um vocal é sempre um bom começo. Eu me considero um produtor de vocais, seja compondo, remixando, picotando ou até criando uma "frankenstein" de vocais. Cada um desses métodos traz uma nova dimensão ao meu trabalho e me permite explorar diferentes aspectos da minha criatividade.

02 - Qual artista é o seu favorito no momento e porque?

Não existe um favorito no momento; existe uma imensa biblioteca de favoritos ao longo da minha vida. Eles me emprestam a genialidade e a sua visão porque cada frase, melodia e cada ritmo se incorpora na minha mente e é traduzido posteriormente de alguma forma. Então, é difícil destacar alguém, esse ou aquele. São tantos bons e alguns muito necessários, depende do momento, do mood que estou.

03 - Em que clube, festa ou festival você ainda sonha em tocar?

Para mim, o lugar ideal é onde há um público disposto a ouvir o que é produzido de forma autoral, buscando essa troca real com o produtor e entendendo a mensagem que está ali. Não precisa ser um festival gigante ou famoso; o importante é que seja verdadeiro musicalmente falando. Já toquei em grandes festivais onde as pessoas não estavam interessadas no som e em pequenos clubs com uma audiência reduzida que resultaram em shows inesquecíveis.

04 - Como você se prepara antes de uma apresentação? Existe algum ritual ou rotina que você segue para garantir um bom desempenho?

A maior parte do meu ritual está na produção musical e na forma como a narrativa se desenvolve ao longo dos anos. Meus sets contêm muito pouco material externo; toco músicas de alguns produtores escolhidos a dedo, estes são os que eu acredito dialogarem com meu som de uma maneira que me agrada. Passei mais de 10 anos investindo em live acts, que eram desafiadores porque tudo podia dar errado e exigiam muita preparação para dar certo. Hoje em dia, toco como DJ e as músicas são desenhadas no estúdio para funcionarem bem ao vivo. É mais simples e aliviador, rs.

O resto é ter visão de pista. É essencial entender que o papel de quem toca é criar entretenimento, e a leitura da pista é muito importante. Essa é a minha escola desde os anos 90, e não fujo a esses ensinamentos. Aprendi com os melhores, e essa experiência continua a guiar minha abordagem nas apresentações.

05 - Quais são os principais aspectos que você considera ao montar um setlist para uma apresentação? Como você equilibra suas escolhas entre músicas populares e faixas menos conhecidas?

Meu trabalho contorna todo o meu set, e tenho sorte porque hoje em dia sou convidado para tocar dentro desse contexto em que as pessoas já conhecem minhas músicas. Portanto, não me preocupo tanto com qual música está famosa no momento; concentro-me em saber qual das minhas músicas funciona para o público ou situação específica. Isso me permite criar um setlist que ressoa com a audiência, mantendo a autenticidade e a conexão com o meu som.

06 - Por fim, como você enxerga o papel do DJ e Produtor Musical na experiência da vida noturna e na cultura da música eletrônica em geral?

Primeiramente, é preciso ressaltar que, para quem é produtor musical de verdade, o momento é particularmente desafiador. Acho que a autenticidade da cena está muito ameaçada porque existe uma enorme quantidade de pseudo produtores no mercado, que fazem de tudo menos produzir a própria música e a própria ideia.

O uso acentuado de ghost producers resulta em uma música genérica, quase uma fórmula. Por isso vemos a IA emergindo e ocupando esse espaço, pois copia perfeitamente aquilo que é genérico nesse sentido. Acho que a cena precisa voltar a falar e ouvir música de verdade e se relacionar mais com isso, não só com o hype e a moda, pois isso é fabricável, basta ter dinheiro, não é mesmo?

É muito difícil dizer, pois cada país se comporta de uma forma. No Brasil, ainda existem alguns nichos de cena de música eletrônica; já houve mais, mas ainda há algumas joias espalhadas por aí. Esses dias, pude conhecer e tocar em um clube muito foda, o Arcade de Goiânia; a parada lá é de fato verdadeira. Mas como se diz, segue o jogo. Vamos continuar fazendo o melhor na medida do possível.

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