A desvalorização dos artistas pelas plataformas de streaming: por que o atual modelo está ultrapassado?

Lucke Lucke · 11 buwan kanina · 545 mga pananaw
Com a necessidade da mudança do modelo market-centric, plataformas brasileiras como a Beatsong tem se destacado por valorizar a propriedade intelectual dos artistas.
A desvalorização dos artistas pelas plataformas de streaming: por que o atual modelo está ultrapassado?

Há alguns anos, críticas e notícias sobre o modelo adotado pela indústria do streaming surgem nas redes sociais e você, certamente, já deve ter se deparado com elas. A mais recente vem de um de nossos países vizinhos, o Uruguai, que alterou as leis de direitos autorais e forçará as plataformas a pagarem duas vezes pelas músicas executadas. Rapidamente, a empresa líder do mercado, o Spotify, anunciou que deixará de atuar no país, já que as novas regras tornam os seus serviços inviáveis. Mas será que se tornam mesmo?!


Como citamos acima, o modelo de negócios adotado por essa e outras plataformas vem sendo duramente criticado, pois a principal “mão de obra” desse sistema não é valorizada: o artista. Com uma remuneração baseada no sistema market-centric, ou pro-rata, os artistas pouco recebem por seu trabalho, já que as empresas distribuem o dinheiro seguindo o critério de popularidade: quem tiver mais plays, ganha mais. A questão é que cada play vale em média US$0,0039 dólares. Sim, uma fração de um centavo de dólar, ou seja, faixas com 1000 plays rendem US$3,90!


Se você acha esse valor um absurdo, então, você entendeu exatamente a problemática da indústria – e não está sendo satisfatório nem para grandes nomes da música e grandes gravadoras. Vale lembrar que artistas famosos já vem discutindo essas políticas há alguns anos, como a própria Taylor Swift – nomeada este ano como a artista mais ouvida do Spotify –, que até 2017 não liberava sua discografia para o streaming, e até Björk, que só disponibilizou seu álbum “Vulnicura”, de 2015, meses após o lançamento, ambas com o objetivo de engajar uma discussão sobre a política de remuneração.


Em 2018, a Universal Music também entrou nessa briga. A gigante da indústria vem alegando que o modelo de negócio atual precisa evoluir, tanto no atendimento ao público, quanto na remuneração dos artistas. Recentemente, a empresa até lançou uma parceria com a Deezer, vice-líder das plataformas, anunciando um novo modelo que denomina um “artista profissional”, aquele que conta com mais de mil streams por mês e possui, no mínimo, 500 ouvintes únicos – estes devem receber uma duplicação das receitas.


Analisando estes exemplos, a pergunta que fica é: se artistas consolidados e grandes gravadoras são prejudicados com o atual modelo, como ficam os pequenos artistas e independentes? A resposta é clara: pouco recebem – se recebem.


Mas, se estão insatisfeitos, podem sair, certo?!


Poder, até podem, mas como alcançar a imensa comunidade de usuários que está presente nessas plataformas, senão através delas?! Antigamente, nós íamos até os nossos artistas preferidos, procurando seus vinis e CDs em lojas, ouvindo álbuns do início ao fim, e buscando um pouco deles em revistas, jornais, noticiários e mais, mas com a internet isso tudo mudou. Hoje, o artista precisa vir até nós, afinal, os streamings possibilitaram que através de uma simples assinatura mensal, uma infinidade de músicas esteja em nossas mãos, a qualquer hora ou lugar.


Assim, o atual modelo de negócio atua pela antiga política: não pagam o justo, mas entregam visibilidade. E aqui, a culpa não é do usuário e sim das grandes empresas que tornam os artistas reféns, obrigando-os a entregar seus trabalhos praticamente de graça, sob a promessa de que, em algum momento, este retorno venha – o que normalmente só acontece através das apresentações ao vivo.


Para se ter uma ideia, segundo dados do Spotify – citamos ele como líder, mas se aplica a todas as outras empresas do ramo –, ⅓ do valor gerado em sua plataforma fica com eles, os outros ⅔ pagos como royalties aos detentores dos direitos e aqui estamos falando de gravadoras, artistas, distribuidores e agências. Por exemplo, se X artista acumulou US$100 mil com seu catálogo, a label receberá parte do valor, digamos que seja 50% – mas pode chegar a 80% –, e os outros envolvidos mais uma parcela. No Reino Unido,os artistas levam em média apenas 16% do total, neste caso, US$16.000 dos US$100.000.


Se o artista for independente, só terá que pagar o distribuidor, mas ainda sim, quem são esses nomes que recebem um “montante” como esse? Temos a resposta: 0,1% de todos os presentes nas plataformas.


E qual seria a solução?


Pesquisas e debates vêm acontecendo com o objetivo de solucionarmos esta problemática. A proposta apresentada pela Universal Music junto à Deezer é uma delas, mas tapa o sol com a peneira, afinal, como ficam os outros artistas que não atingem a meta de ouvintes e reproduções estipulada por eles?


Outra ideia discutida é o user-centric, que se baseia no engajamento do usuário. Dessa maneira, se um fã ouviu um artista durante 90% de seu tempo na plataforma, a mesma porcentagem do valor da sua mensalidade vai para este artista. É assim que plataformas como o Soundcloud funcionam, por exemplo, e segundo eles, artistas independentes passaram a ganhar 60% mais do que no market-centric. Mas, especialistas apontam que o modelo também tem suas falhas, já que se o usuário ouvir uma grande quantidade de artistas diferentes, o valor também seria distribuído por uma ampla extensão.


 


Aqui no Brasil, uma plataforma tem chamado a atenção por propor uma alternativa interessante, focada nos artistas. Fundada por Lucas Caixeta, aka Lucke, e Valdir de Jesus Correia Junior, a Beatsong é uma plataforma de streaming, que reúne todas as funcionalidades de serviços como Spotify, Deezer, Tidal, Bandcamp, Beatport e mais, se apresentando como uma alternativa revolucionária.


Isso porque dentro de seu sistema é possível ter acesso a um ambiente engajado, com gamificação e marketplace, além de trazer a possibilidade do próprio artista subir a sua música e atribuir o seu valor às obras. A única cobrança para a hospedagem da track é um valor mensal, que funciona como uma espécie de assinatura para os artistas, o DJ PRO. Com este plano é possível realizar um cadastro como artista e subir uma quantidade ilimitada de faixas, disponibilizando-as para audição ou venda. Além disso, toda a monetização é feita pela própria plataforma através da carteira digital e, ao atingir, R$50,00 é possível solicitar o saque, disponível na conta em até 72h úteis.


Além de propor a independência dos artistas ao atual modelo das plataformas de streaming, a Beatsong também oferece a possibilidade de se desprender das grandes gravadoras, já que não há a necessidade de distribuidoras, agências e labels para garantir a entrada da faixa no streaming. Basta um simples cadastro, a assinatura do DJ PRO e o upload da faixa e suas informações – tudo isso leva apenas três minutos. No sistema também é possível ter acesso aos dados e insights, criação de anúncios via áudio e imagem, além da gamificação que engaja o usuário à plataforma e o recompensa, mantendo uma comunidade ativa e em movimento. Você pode encontrar mais informações da Beatsong pelo site.


O debate e a busca por soluções são passos importantes para que possamos encontrar um novo modelo para o serviço de streaming e, certamente, iniciativas como essa nos mostram que há esperança de encontrarmos um bom caminho para todos e que há pessoas motivadas a fazer isso acontecer. Ficamos na expectativa para que projetos assim ganhem cada vez mais espaço e que o artista tenha o seu trabalho valorizado como merece.

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